Doenças negligenciadas atingem 1 bilhão de pessoas no mundo, diz OMS

Por Ahmad Pathoni

JACARTA (Reuters) - Um bilhão de habitantes de países tropicais ainda sofrem com doenças debilitantes ou desfiguradoras associadas à pobreza, mas muitos não recebem tratamento devido à negligência dos governos, disseram autoridades sanitárias na quarta-feira.

Apesar da existência de tratamentos baratos e seguros, pacientes de doenças como hanseníase, elefantíase e framboésia (doença infecciosa semelhante à sífilis) continuam sem tratamento, devido à falta de recursos e de vontade política, disse Jai Narain, diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para doenças transmissíveis no Sudeste Asiático.

"Essas doenças tropicais têm sido negligenciadas por políticos, pela comunidade de pesquisas e também pela comunidade internacional", disse Nairan em entrevista coletiva no início de uma reunião internacional sobre o combate a doenças tropicais.

"Mas ao mesmo tempo essas doenças causam considerável quantidade de sofrimento, incapacidade, desfiguração e mesmo um impacto sócio-econômico, particularmente para populações que são extremamente marginalizadas", afirmou.

Segundo ele, o fato de essas doenças não gerarem manchetes, ao contrário do que acontece com a Aids, a malária e a pólio, também contribui com a falta de atenção.

"Essas doenças estão estreitamente relacionadas à pobreza. A eliminação de tais doenças seria um passo significativo na direção da redução da pobreza", afirmou.

Muitos pacientes dessas doenças são discriminados e isolados por suas comunidades, segundo Nyoman Kandun, diretor-geral de controle de doenças transmissíveis do ministério indonésio da Saúde.

"A maioria dos que foram curados sofrem deformidades e serão estigmatizados e discriminados", afirmou.

A Indonésia já curou 370 mil pacientes de hanseníase, mas novos casos continuam surgindo, especialmente no leste do país, mais pobre, de acordo com o funcionário.

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Unknown disse…
DOENÇAS NEGLIGENCIADAS CRESCEM COM AS ENCHENTES DE VERÃO

Por Dra. Greyce Lousana*

doenças negligenciadas matam mais de um milhão pessoas por ano no mundo

No Brasil de vários cenários e paisagens chega o verão e com ele também o ambiente propício para doenças tropicais ou negligenciadas, que afetam cerca de um bilhão de pessoas no mundo, mas que infelizmente a cura não está no centro de atenção nem de interesse global.

Enchentes, seca, falta de saneamento básico, calor, lixo e a falta de conscientização do povo sobre a importância de somar aos seus valores pessoais atitudes de preservação do meio ambiente, têm destacado o Brasil no ranking mundial de mortes por doenças de países pobres, sendo as regiões Norte e Nordeste as mais prejudicadas. As Doenças Negligenciadas provocadas por agentes infecciosos e parasitários atacam, sobretudo a população carente que não dispõe de tratamentos adequados. Em 1975 foi criado o Programa Especial para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais (Special Programme for Research and Training in Tropical Diseases), abreviado TDR que tem por objetivo treinar, coordenar, apoiar e canalizar esforços globais de combate a doenças infecciosas negligenciadas. O programa é co-patrocinado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP), Banco Mundial e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Inundações e lixo favorecem o crescimento de doenças como Dengue; Leptospirose; Esquistossomose; Leishmaniose; Malária; Doença de Chagas; Tuberculose e outras. É um absurdo que em pleno Século 21 o Brasil esteja entre os países com maior incidência de Tuberculose, junto com a Índia, Bangladesh, Nigéria, Paquistão, Congo e outros. Segundo estimativas da OMS, dois bilhões de pessoas, equivalente a um terço da população mundial está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis. Destes, oito milhões desenvolverão a doença e dois milhões morrerão a cada ano.

Apesar de todo conhecimento científico resultante de estudos sobre a biologia e a genética dos agentes causadores destas doenças, não se conseguiu ainda encontrar tratamentos terapêuticos eficazes em escala para as vítimas. Tal fato resulta de políticas públicas insuficientes, pouco interesse mercadológico por parte da Indústria Farmacêutica em pesquisa clínica, pois não vê no público alvo (pacientes com baixo poder aquisitivo) - um mercado lucrativo.

“As doenças negligenciadas causam um impacto social e econômico devastador sobre a humanidade, criando um círculo vicioso: a pobreza prolonga as doenças negligenciadas e seu impacto prolonga a pobreza. Portanto, intervenções são necessárias para quebrar esse ciclo. O grande desafio é a Pesquisa Translacional em Doenças Negligenciadas. O nosso interesse é transformar os resultados da Pesquisa Clínica em benefícios para a população, através da industrialização de medicamentos mais eficazes que possam ser utilizados pelos pacientes de forma segura e contínua”, afirma a Dra. Conceição Accetturi - Médica Infectologista, Presidente da Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica (SBPPC) e Diretora Médica da Invitare Pesquisa Clínica.
(*) Dra. Greyce Lousana, Bióloga, Mestre em Neurociências, Médica Veterinária, Diretora da Invitare e Presidente Executiva da Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica - SBPPC