Os donos da Amazônia



Num recado direto ao aumento da desconfiança externa sobre a capacidade de o governo brasileiro controlar com um mínimo de eficiência o problema do desmatamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem, no Rio de Janeiro, que a Amazônia é do povo brasileiro.

O presidente da República disse considerar "engraçado" que os maiores poluidores do mundo queiram falar sobre a preservação de uma região que se estende por nove países sul-americanos e ocupa quase metade do território brasileiro. O que o país necessita, de qualquer forma, é comprovar com atos, não com palavras, a capacidade de preservar essa área, que é brasileira, mas desperta interesse global.

A questão é que os problemas da Amazônia começam pela dificuldade de uma mensuração capaz de evitar polêmicas sobre os níveis de desmatamento, por razões que vão desde diferenças de metodologia até as diferentes condições climáticas na época da aferição. Independentemente das divergências, porém, o fato é que todas as medições indicam aumento no abate de árvores, por duas razões predominantes. Uma delas é a falta de condições do governo de zelar pelo cumprimento da lei nas regiões da mata. A outra é o aumento das queimadas e da derrubada de mata para a venda de madeira e o plantio de grãos, estimulado pela euforia dos preços das commodities nos mercados internacionais.

Lançado na primeira quinzena de maio, como resposta às críticas internacionais, o Plano Amazônia Sustentável (PAS) frustrou as expectativas sobre a capacidade real de o país deter o processo de desmatamento. O resultado concreto foi apressar a troca de comando no primeiro escalão da área ambiental, o que ampliou os temores nessa área.

Quanto mais a região amazônica se mostrar vulnerável sob o ponto de vista socioeconômico e ambiental, maiores serão as dificuldades enfrentadas pelo país para garantir confiança nos planos interno e externo. O que o Brasil precisa é demonstrar capacidade de deter um processo crescente de desmatamento, colocando em ação um número suficiente de fiscais com disposição para fazer valer a lei.

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