Atendendo a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, novo ministro do Meio Ambiente tirou ontem de sua pasta colaboradores de Marina Silva alinhados com ONGs e já indicou os substitutos deles
Tiago Pariz
Para evitar conflitos no governo, o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, terá de lidar com um problema deixado pela ex-ministra Marina Silva: reduzir a influência das organizações nãogovernamentais (ONGs) nas decisões da pasta. A determinação dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi uma contrapartida ao pedido de Minc de o Ministério ter papel mais relevante nas discussões sobre as políticas industrial e energética.
Os primeiros movimentos demonstraram harmonia com as intenções do presidente e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Minc desalojou colaboradores de Marina Silva mais alinhados com ONGs: João Paulo Capobianco, da Secretaria-Executiva, e Bazileu Margarido, da presidência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Para substituir Capobianco, a escolhida foi Izabella Mônica Vieira Teixeira, subsecretaria de Planejamento e Política Ambiental do governo do Rio de Janeiro. Para o Ibama, Minc anunciou ontem Roberto Messias, que era diretor de licenciamento ambiental do órgão. Messias trabalha na área ambiental há 32 anos, tendo ocupado a direção de organizações não-governamentais, como a WWF Brasil, a União Internacional para Conservação da Natureza (UICN) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), além dos cargos de secretário especial de Meio Ambiente e secretário-executivo do Conselho Nacional do Meio Ambiente, de 1986 a 1988. Em Minas, ocupou a superintendência do Ibama no estado de 2003 a 2007, quando teve de conviver com o sucateamento do órgão.
Conflitos
Marina Silva vinha acumulando conflitos nos bastidores do governo. O que irritava Lula e Dilma Rousseff eram as seguidas demonstrações da ex-ministra de estar alinhada simplesmente aos interesses dos grupos ambientalistas e não ter visão convergente com as políticas do Palácio do Planalto.
O maior problema, segundo auxiliares do presidente, era a contaminação de cargos do alto escalão por pessoas ligadas a ONGs. Dilma reclamou diversas vezes com assessores de que a ex-ministra e seus auxiliares se escoravam sobre a burocracia da máquina estatal para adiar de forma deliberada projetos, como as usinas hidrelétricas do Rio Madeira. Para a ministra, o licenciamento ambiental não esbarrava apenas no conservadorismo de Marina Silva.
Lula disse a Minc que não quer acelerar as licenças ambientais abrindo mão do rigor. Segundo auxiliares do presidente, a matemática é simples: basta acabar com esses grupos de resistência para elevar a eficiência do Ministério do Meio Ambiente.